Acho que hoje em
dia o papel dos avós/bisavós nas famílias é fundamental. Não há trabalhos
que acabem cedo e há que contar com a ajuda dos familiares. A grande parte da
minha infância foi passada em casa da minha avó materna!
A Titi L., a minha
tia bisavó e o Avô M., o meu bisavô, passaram todas aquelas horas entre a saída
da escola e a chegada dos pais durante imensos anos. Os meus avós também claro, mas inicialmente ainda estavam a trabalhar e eram eles que nos aturavam de dia para dia.
A Titi fazia-nos o
lanche, ou o sumo de laranja com as laranjas apanhadas do quintal, ou o copo de
leite, com umas torradinhas com manteiga e no final 4 ou 5 bolachas Maria ou
Torradas :) O meu primo guardava sempre uma bolacha e quando nós já tínhamos acabado
ele ficava todo contente a dizer que ainda tinha!
Tenho imensas
recordações dessa altura e tão boas! Depois do lanche era hora dos trabalhos de
casa e depois sim, hora de brincar! Eu e o meu irmão (como é natural daquela
idade) gostávamos muito de implicar um com o outro e às vezes lá tinha a Titi
que mostrar a colher de pau ou dizer que punha piri-piri na boca de quem dizia
asneiras. Raramente era necessária a intervenção do Avô M.
Até aos 10 anos foi
sempre assim! Depois começaram as aulas de inglês e de francês e o tempo em
casa dos avós foi diminuindo, lanchávamos e íamos para aulas.
Quando os meus pais
não estavam a Titi veio várias vezes para nossa casa ou íamos nós para
casa dos meus avós! Achava que éramos uns preguiçosos! “Ainda estão na cama? A
escola começa daqui a 1hora! Estes meninos são uns mandriões”.
O tempo passou mas
continuei sempre muito ligada à Titi, magrinha magrinha que fazia impressão,
sempre pronta para ajudar, com uma energia incansável, pouco tempo se sentava
nos almoços de família de tão atarefada que andava. Gulosa, muito gulosa,
felizmente com nenhum problema de saúde!
No primeiro ano de faculdade ia (quase) todos os dias
dar-lhe um beijinho. Entrei em Economia e a casa era pertinho da Faculdade.
Depois mudei de curso e as visitas passaram a ser semanais! Sempre bem
disposta, chegou aos 100 anos como se fossem 70, lavava a loiça, fazia a cama,
tomava banho! Uma jovem!
Numa tarde chuvosa
fiz um desvio e passei lá por casa, fiquei sentada ao lado dela e falamos
durante horas! Cantou-me canções mesmo bonitas da altura dela, falou-me de
namoricos, vimos televisão! Foi tão bom, saí de lá mesmo contente! No dia a
seguir faleceu, penso que teve uma vida feliz e devo-lhe grande parte da
educação, das boas maneiras e da pessoa que sou hoje.
De cozinha só me
viu a fazer biscoitos do garfo naquelas tardes em que ficava em casa comigo.
Acho que iria ficar curiosa de saber do meu interesse mas certamente feliz. Por isso, ela é a minha convidada na 13ª edição
do Convidei para Jantar, iniciativa da Anasbageri, que este mês se realiza no Pão de Cereais.
Almôndegas
de atum com curgete
Ingredientes:
- 350g de curgete cozinhada
- 400g de atum enlatado
- 3 colheres de sopa de maionese
- 1 ramo de salsa picada
- 1/2 cebola picada
- 5 dentes de alho triturados
- 1 ovo
- sal
- pimenta preta moída na hora
- 2 colheres de sopa de sumo de limão
- farinha q.b.
- sementes de sésamo
- sementes de papoila
- azeite
Preparação:
1 - Triturar a curgete cozida com a varinha mágica.
2 - Escorrer bem o atum e juntar-lhe a curgete com a ajuda de um garfo.
3 - Retirar o excesso de líquido (com a ajuda de um passador).
4 - Juntar a maionese, a cebola, os dentes de alho, a salsa e o ovo. Temperar com sal e pimenta e regar com o sumo de limão. Misturar tudo muito bem com um garfo.
5 - Moldar a massa em pequenas bolas com a ajuda de um pouco de farinha. Passar depois as bolinhas pela mistura das sementes de sésamo e de papoila.
6 - Fritar as almôndegas numa frigideira com um bocadinho de azeite até que estas fiquem loirinhas.